Não é a toa que muitos negócios morrem antes mesmo de começarem a rodar. Quando temos uma grande ideia de negócio, nos apaixonamos cegamente pela mesma, ao ponto de acelerarmos as coisas antes mesmo de ter evidências de que ela será viável.
Para entender melhor, imagine que você acabou de conhecer uma pessoa e convidou-a para sair. Vocês se encontraram, conversaram, tiveram ótimos momentos e se despediram. Então no dia seguinte você pede essa pessoa em casamento. Faz sentido?
Neste post faremos você economizar tempo e dinheiro com dicas de como ter evidências suficientes para prosseguir com sua ideia e torná-la uma grande startup.
Pesquisa inicial – Conhecendo seu mercado e potencial cliente
Antes de entrar em ação com criação da marca, logo, produto ou qualquer coisa do tipo, inicie buscando mais informações sobre o mercado que sua ideia irá atuar.
Uma das primeiras questões para se refletir é sobre o tamanho desta oportunidade, ou seja, o tamanho do mercado. Não entrarei em detalhes sobre como mensurar seu mercado, porém é bom ter uma noção de quanto dinheiro está em jogo. Busque informações em pesquisas, relatórios, levantamentos de organizações públicas ou privadas e tudo mais que lhe dê subsídio para provar que existe uma oportunidade financeira neste mercado.
Após verificar que o mercado é grande, procure conversar com pessoas desse segmento e, principalmente, com aqueles que tem maior chances de sentirem a “dor” que sua solução pretende “curar”.
Faça um roteiro de perguntas no qual possa seguir a mesma linha de raciocínio com todas as pessoas que for interagir. Tente identificar como funciona o processo atual, quais ferramentas são utilizadas, quais gargalos existem, quem utiliza, qual o motivo para utilizar, quais benefícios são esperados, o que tem e o que não tem valor na percepção do usuário, e assim por diante… Procure explorar todos os pontos que achar pertinente para sua solução.
Lembre-se de ser direto e evitar induzir as respostas para o que você quer ouvir. Isso irá mascarar a realidade e pode levar a tomar decisões com informações incertas. Também aconselho fazer as entrevistas de forma presencial. A aproximação com seu potencial cliente e seu ambiente de trabalho lhe trarão insights muito mais valiosos que uma conversa a distância.
Validação – Construindo seu MVP (Minimum Viable Product)
Ok, você já verificou que existe mercado para sua solução e também conhece a dinâmica do processo que sua solução irá se encaixar. Agora já pode investir no produto e lançá-lo para o mercado, certo? NÃO!
Antes de colocar todo seu esforço no desenvolvimento de um produto robusto, cheio de funcionalidades e com muitos detalhes, você precisa reduzir o risco de sua solução ser rejeitada, ou seja, validar se ela será aceita da forma como você imagina.
Eric Ries, em seu best-seller The Lean Startup, fala sobre uma abordagem de desenvolvimento enxuto, no qual seu objetivo é atingir o melhor resultado possível, com um menor nível de incerteza e menor gasto de recursos. Para isso, ele utiliza o conceito de MVP, Mínimo Produto Viável, no qual, em poucas palavras pode ser descrito como o que é necessário para validar uma hipótese. A propósito, se você ainda não leu o livro, ele é leitura obrigatória para todo empreendedor
Antes de fazer seu MVP, é importante refletir sobre a hipótese que será testada. Esta hipótese necessita ter um objetivo claro e mensurável. Esqueça do como irá fazer isso neste primeiro momento. Foque no resultado que deseja, no tamanho da amostra que você testará e no prazo.
Imagine que sua ideia é vender um software de gestão financeira para micro empresas. Você poderia colocar como objetivo oferecer o software para 10 empresas, com uma meta de conversão de 50% dentro de um prazo de 30 dias. Essa conversão pode ser um interesse de compra ou até mesmo a compra efetiva. Ps. os números foram escolhidos aleatoriamente, mas você pegou o raciocínio.
Após determinar seu teste, vamos para o que você precisará “construir” para validar sua hipótese, ou seja, o MVP. Vou falar primeiro sobre o que não é um MVP. MVP não é um produto inacabado, não uma versão 1.0, não é um produto com poucas funcionalidades… Provavelmente seu MVP é menos do que você imagina que precise.
Pegando o caso do software de gestão financeira que citei como exemplo, seu MVP poderia ser uma simples apresentação com imagens de como funcionaria o software. Neste caso sua tentativa de venda, ou iteração com o cliente, poderia ser presencial. Outra opção seria montar uma landing page onde os interessados em utilizar o software poderiam se cadastrar.
Aí você pergunta, mas como vou vender algo que eu ainda nem tenho? Esse é exatamente o ponto. Você não precisa passar meses desenvolvendo algo para depois perceber que não há quem se interesse por sua solução. Ou que grande parte do que desenvolveu não é útil.
Pesquise, converse com seu potencial cliente, teste seu MVP e continue este ciclo até minimizar ao máximo as incertezas que estão na sua cabeça. Toda interação realizada lhe dará novos dados para aprender e melhorar sua ideia.
Repita quantas vezes for necessário, porém com novos objetivos, novas hipóteses.
Uma vez que você validou o interesse de pessoas em pagarem por sua solução, é possível começar a aplicar esforços em seu desenvolvimento, para aí então partir para a captação de investimentos.